O
espetáculo da dupla consagrada pelos seus musicais, é uma impecável apresentação musical , quase um recital de
músicas compostas por Chico Buarque, costurado pelo personagem Carlos d’O velho
Francisco (1987), também de Chico. Uma trupe de teatro mambembe sai em turnê
pelo interior do Brasil para apresentar a peça A Dama das Camélias, encontra
pelo caminho as músicas de Chico , que são o plano de fundo para o que acontece
tanto na peça como na vida dos personagens, uma tentativa contemporânea de
metalinguagem que é desenvolvida de uma forma superficial, apegando-se mais a
música do que ao próprio teatro. Com
algumas de suas fórmulas infalíveis, importadas principalmente dos musicais americanos,
temos em cena oito atores/cantores, entre eles Soraya Ravenle, poderia dizer
aqui, que todos, são impecáveis em suas execuções musicais, mas o diretor
musical destoa do grupo por não ter pretensões de ser cantor em cena, mas não
podemos deixar de lhe conferir os
créditos, pois Claudio Botelho tem uma direção musical brilhante. A
apresentação rende 47 músicas do gênio brasileiro , Chico Buarque que é
conduzido por Charles Möeller, que dirige seu grupo de teatro mambembe que
tenta no palco ligações sutis entre textos e músicas, deixando para trás uma
preocupação maior com a dramaturgia sugerida pelo texto referido acima,
abandonando também as coreografia, as ligações cênicas acontecem como cortes
cinematográficos sem uma continuidade dramatúrgica ou um significado maior para
a trama , que ao meu ver é superficial e extremamente carente de
possibilidades. Como estamos falando de um musical , fica mais difícil analisar
teatro e música de forma distinta, mas acredito que precisa ter uma unidade e
um equilíbrio entre a arte da música e do teatro. Equilíbrio este já atingido
pela dupla com outros trabalhos de igual teor.
Podemos
falar de cenário e figurinos , adereços, mas prefiro apenas citar os nomes dos
dois artistas, assinando figurino Marcelo Pires e cenário Rogério Falcão. Bem ,
com um orçamento de quase dois milhões poderia estar em um nível de qualidade
maior e se não houvesse verba para tal , poderiam ser mais criativo, onde
podemos encontrar um conforto artístico, uma inércia criativa, preguiça talvez,
não sei.
Chico
se impõe ao teatro e também ao espetáculo apresentado e garante seu titulo de
gênio com a presença de suas músicas na peça; profundas , dramáticas e ainda
depois de muitos anos , comemorando 50 de carreira o compositor é sem dúvidas a
grande atração do que vimos , talvez pelo fato dos cantores serem impecáveis ,
os músicos serem perfeitamente técnicos e a direção musical ser realmente algo
que impressiona, e não podemos esquecer dos arranjos incríveis de Thiago
Trajano, que reinterpretam as canções já muito conhecidas de forma sofisticada.
Ficha técnica:
Elenco:
Soraya Ravenle
Malu Rodriguesdavi Guilhermme
Estrela Blanco
Felipe Tavolaro
Lilian Valeska
Renata Celidonio
Músicos:
Thiago Trajano (Violão / Regência)
Luciano Correa (Cello)
Priscilla Azevedo (Piano E Acordeon)
Marcio Romano (Percussão)
Direção: Charles Möeller
Direção Musical: Cláudio Botelho
Orquestração E Arranjos: Thiago Trajano
Arranjos Vocais: Jules Vandystadt
Cenografia: Rogério Falcão
Figurinos: Marcelo Pies
Iluminação: Paulo Cesar Medeiros
Design De Som: Marcelo Claret
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