Viver em uma realidade de
aprisionamento e liberdade constante, eis aqui o que traduz REDOMA,
de Gustavo Fonseca (diretor), sem ser superficial, pois o assunto gera polemica
e é solo rico para a criação artística de diversos gêneros, aqui o
existencialismo tem um palco para sua discussão conduzida por ávidos e talentosos
artistas com direção musical de Sabrina Vianna e como interpretes criadores: Marcio
Antunes, Marinna Chaves, Renato de Sena e os dois diretores também como atores,
no Espaço Rampa em Copacabana.
Entre quatro paredes de Sartre, é
o que me remeteu Redoma, sem a trama dramática que repudia e negligencia a
existência humana, mas com a onipresença de seu existencialismo com suas
tentativas de liberdade do próprio eu, o que pode ser fatal por uma ótica biológica,
mas libertadora pelo prisma da redenção espiritual. O nu do ser, aquele que
atrai e apavora. Dentro ou fora de nossas almas a vida nos revela que a
liberdade pode ter um sabor amargo e que os grilhões da sociedade podem ser um
conforto eterno para aqueles que não ousam mudar as suas visões de mundo, assim
é Redoma,
com um espaço livre para podermos interpretar de várias formas.
Desejar ter algo que já possuímos
é uma linha tênue para o vazio, nas artes cênicas devemos ter cuidado com
fontes e influências, sinto necessidade de algumas definições, não que a arte
deva encerrar conceitos e ser maniqueísta, porém , para imprimir identidade aos
artistas e a encenação como um todo, o movimento gratuito e o brilhante trabalho
vocal devem ser focados em objetivos maiores do que apenas causar estranhamento
ou definir uma cena de leitura livre pelo público, contudo, a direção é segura
já no processo de estruturação da aventura estética que se presta o projeto,
mas colocar o ator diante de sua própria personalidade é uma aventura um tanto
perigosa e que nos reserva armadilhas terríveis, para o interprete, que às vezes não sabe como lidar com seu
universo particular, mas talvez também seja esse o exercício de interpretação
proposto, ou... O que podemos ver são atores vazios, apenas repetindo movimentos
sem entender propriamente para onde estão indo. Sinto falta de um marcador de
ritmo como música ou mesmo continuidade coreográfica que não se encerre e sim
ofereça oportunidades de investigar novas possibilidades de liberdade e aprisionamento,
o silêncio, neste caso, não enriquece as formas que estão carentes de energia.
Enfim, uma busca estética que se
preocupa pouco com o dramático, quando encontra o texto não pode vir de outra
forma se não engessada e difícil, em um texto leve que deveria ser degustado
com o sabor do cotidiano, (Sabemos de antemão que o difícil na arte
contemporânea é realmente aproximar o dramático do crível, relacionar a arte
com o nosso cotidiano, objetivo maior das vanguardas que é dialogar com o
momento presente), criações interessantes, artistas brilhantes que dialogam com
a direção e os conceitos proposto de uma forma estruturada, porém ,evidentemente,
in progress...