terça-feira, 9 de junho de 2009

Crítica - "Uma História de Borboletas" - Experiência única!


Baseado no conto de Caio Fernando Abreu, o espetáculo Uma História de Borboletas aborda a trajetória de pessoas que ao se desprenderem de suas realidades, veem borboletas saírem de dentro de suas cabeças. O diálogo dos personagens mostra a necessidade de enxergar além da superfície das coisas, assim como a tênue fronteira que existe entre a lucidez e a loucura. Com roteiro e direção de Marcelo Aquino, a peça em cartaz no Espaço Dois do Centro Cultural Solar de Botafogo coloca no palco: loucura, dependência, musica e a ilusão de poder voar junto as borboletas.


Percebese desde o inicio da execução da peça que houve um cuidado da direção com relação aos signos postos em cena muito bem utilizados pelos atores e muito claros para a platéia as bosboletas ficam convencionadas como os nossos sonhos e esperanças , atores falando com uma veemencia de dar inveja com um largo preparo corporal que reflete da ótima execução das falas e que mantem o ritmo e a tensão dramática o tempo todo sem nos fazer perder o interesse mesmo pelos atores menos preparados como Cyrilo e Marcos , que também não deixaram de brilhar em algum momento da peça a direção de Marcelo é brilhante explorando todas as possibilidades espaciais do local de encenação as musicas muito bem escolhidas são tocadas ao vivo, ao longo da peça sente-se uma atmosfera sempre muito emocionada de todos que assistim, as lágrimas são quase que inevitáveis quando nos identificamos com algum dos dialogos de Caio.

O mundo hoje do consumo rápido e descartável, de convenções estabelecidas, de rápida comunicação, de pimpilhar de hiper-ligações segrega a alteridade, a poesia, o viver e efêmero para sua margem. Marginalizados, seres amantes, seres sensíveis, seres voadores, seres alados, seres poetas tentam sobrevoar para fora da margem-prisão e se o fazem ou não, cabe a quem os assiste aceitar o convite com eles (atores, atrizes e músicos) lindamente voar.
Um brinco , uma pérola, um pequeno diamante, uma linda e fugaz borboleta ali voando de dentro pra fora das nossas cabeças , basta estar presente na hora da peça pra vivê-la.