segunda-feira, 21 de abril de 2014

Todos os musicais de Chico Buarque em 90 minutos

O espetáculo da dupla consagrada pelos seus musicais, é uma impecável  apresentação musical , quase um recital de músicas compostas por Chico Buarque, costurado pelo personagem Carlos d’O velho Francisco (1987), também de Chico. Uma trupe de teatro mambembe sai em turnê pelo interior do Brasil para apresentar a peça A Dama das Camélias, encontra pelo caminho as músicas de Chico , que são o plano de fundo para o que acontece tanto na peça como na vida dos personagens, uma tentativa contemporânea de metalinguagem que é desenvolvida de uma forma superficial, apegando-se mais a música do que ao próprio teatro.   Com algumas de suas fórmulas infalíveis, importadas principalmente dos musicais americanos, temos em cena oito atores/cantores, entre eles Soraya Ravenle, poderia dizer aqui, que todos, são impecáveis em suas execuções musicais, mas o diretor musical destoa do grupo por não ter pretensões de ser cantor em cena, mas não podemos deixar de lhe conferir os  créditos, pois Claudio Botelho tem uma direção musical brilhante. A apresentação rende 47 músicas do gênio brasileiro , Chico Buarque que é conduzido por Charles Möeller, que dirige seu grupo de teatro mambembe que tenta no palco ligações sutis entre textos e músicas, deixando para trás uma preocupação maior com a dramaturgia sugerida pelo texto referido acima, abandonando também as coreografia, as ligações cênicas acontecem como cortes cinematográficos sem uma continuidade dramatúrgica ou um significado maior para a trama , que ao meu ver é superficial e extremamente carente de possibilidades. Como estamos falando de um musical , fica mais difícil analisar teatro e música de forma distinta, mas acredito que precisa ter uma unidade e um equilíbrio entre a arte da música e do teatro. Equilíbrio este já atingido pela dupla com outros trabalhos de igual teor.
Podemos falar de cenário e figurinos , adereços, mas prefiro apenas citar os nomes dos dois artistas, assinando figurino Marcelo Pires e cenário Rogério Falcão. Bem , com um orçamento de quase dois milhões poderia estar em um nível de qualidade maior e se não houvesse verba para tal , poderiam ser mais criativo, onde podemos encontrar um conforto artístico, uma inércia criativa, preguiça talvez, não sei.
Chico se impõe ao teatro e também ao espetáculo apresentado e garante seu titulo de gênio com a presença de suas músicas na peça; profundas , dramáticas e ainda depois de muitos anos , comemorando 50 de carreira o compositor é sem dúvidas a grande atração do que vimos , talvez pelo fato dos cantores serem impecáveis , os músicos serem perfeitamente técnicos e a direção musical ser realmente algo que impressiona, e não podemos esquecer dos arranjos incríveis de Thiago Trajano, que reinterpretam as canções já muito conhecidas de forma sofisticada.

Ficha técnica:
Elenco:
Soraya Ravenle
Claudio Botelho
Malu Rodriguesdavi Guilhermme
Estrela Blanco
Felipe Tavolaro
Lilian Valeska
Renata Celidonio
Músicos:

Thiago Trajano (Violão / Regência)
Luciano Correa (Cello)
Priscilla Azevedo (Piano E Acordeon)
Marcio Romano (Percussão)

Direção: Charles Möeller
Direção Musical: Cláudio Botelho
Orquestração E Arranjos: Thiago Trajano
Arranjos Vocais: Jules Vandystadt
Cenografia: Rogério Falcão
Figurinos: Marcelo Pies
Iluminação: Paulo Cesar Medeiros
Design De Som: Marcelo Claret


terça-feira, 15 de abril de 2014

ATORES DE OLIVEIRA

Espetáculo Bobos

Agora quero falar da minha paixão a Companhia Atores de Oliveira que foi criada com o objetivo de desenvolver pesquisas na área de artes cênicas, criando espetáculos inéditos e ajudando a criar referências para o teatro infantil. A partir desta premissa os nossos focos foram se transformando, guiados pela preocupação com a qualidade e a promoção da cultura brasileira para crianças e jovens, criamos um pequeno grupo que tem uma formação inicial de oito atores, hoje já passaram pelos espetáculos dos Atores de Oliveira mais de 100 pessoas entre técnicos e artistas , com pouco mais de cinco anos de atividades. Cerca de 30.000 espectadores já assistiram a espetáculos produzidos pela Companhia.
A Cia. Atores de Oliveira tem no currículo Infanto-juvenil 15 prêmios. “Bobos”, sempre premiado pela sua estética circense. “Só Neguei”, pelas brilhantes atuações em tom nordestino e  “Naiá, Uma lenda Brasileira” , nossa grande conquista , sempre arrebata a tudo e todos por onde passa.
Flávia Oliveira em "Só Neguei"
Como tivemos sempre a vontade de desenvolver a cultura brasileira no palco com qualidade , precisamos nos apoiar em processos sérios e com respaldo acadêmico para fazer o teatro acontecer. Nos apropriamos então da técnica chamada Rasaboxes,  baseada na teoria da rasa apresentada nas escrituras sagradas da arte clássica Indiana e teorias e práticas contemporâneas da psicologia e da neurociência, este método treina atores para trabalhar com estados emocionais específicos, que são a base do relacionamento em cena e que podem servir para a criação de personagens e partituras cênico-corporais.

"Naiá, Uma lenda Brasileira"
Contudo , nosso trabalho segue no teatro agora com riscos maiores , sempre integrando o Rasaboxes, fotografia, e a ocupação de espaços alternativo, neste novo território que é o teatro voltado para temáticas extremamente contemporâneas e absurdas, a apropriação do teatro infantil , nos permitiu alçar novos voos e nos lançarmos as criações performáticas com o público adulto e ocupando esses espaços como forma de expressão e acessibilidade para a arte.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

O quebra-cabeças do açoite dourado.


Quebra-cabeças são milhares de pedaços desconexos que vivem , existem, continuam suas histórias mesmo sem a sua outra parte, mas não será insuportável viver sem , mas certamente será profundamente infeliz, anéis de compromissos são outros objetos de inspiram infelicidade sempre em busca de uma outra coisa., que nunca vêm , que nunca se encontra.
Hoje ela estava ainda mais brilhante, como um arco de tortura , o que lhe oferece maior dor é o fato de ser toda de ouro, ser símbolo de uma união estável , duradoura e feliz.
Desta forma acabo os meus dias em uma solidão extrema, na busca de um motivo para não continuar. Deveríamos  desistir daquilo que não pode ser nosso , mas sempre vêm esse gaiato coração e nos prega as piores peças , aquelas que encaixam perfeitamente em nosso quebra-cabeça , não tem dó de mim , só me judia. Acreditar em um futuro incerto , aceitar os acoites do arco dourado e seguir em frente nunca será tarefa fácil. Sai de mim , fantasma que me puni pelo fato de me encaixar melhor a esse quebra-cabeça que você.
Seja assim , a vida , o amor , a tristeza , a solidão , seja assim a certeza da inconstância que o senhor do tempo levará mais cedo, ou mais tarde, para bem longe daqui. Depois de tudo, as feridas do açoite curarão ,lavadas pelo sal do sentimento mais puro, e poderá enfim , ser tarde demais para ver que o brilho desse ouro era falso e que por maior que pareça seu valor , sem pureza, ele se dissolve e brota depois de muito tempo a verdade,  do fundo dela vêm o fracasso e a certeza que só o que é  puro e verdadeiro constrói , que o respeito pelo seu sentimento está acima de qualquer tortura e que apesar de todas as peças estarem espalhadas por ai , um dia encontraremos nosso outro lado , lembre-se uma peça de quebra-cabeças tem quatro lados.

Ah! Insensato coração pare de tentar encaixar as peças erradas dos lados incorretos , o que eu quero é o meu quebra-cabeça inteirinho pronto para o próximo inverno, não importa quanto terei que procurar, as milhares de peças do meu infinito universo , louco particularmente puro e intenso.