sábado, 6 de abril de 2013

O poder da subversão da forma.



A apatia intelectual de um povo, retrata o panorama da cultura brasileira e do teatro de meados dos anos 70, o que parece que não mudou muito nesses nossos tempos. Questões medíocres e respostas manipuladas por uma burguesia decadente, dão os traços de um teatro abalado e sem nenhum poder de transformação. O TBC agora toma o lugar de controle, um controle burro, feito por uma burguesia iludida com tempos áureos do teatro europeu, que carece de subversões poderosas e efetivas em um país como o Brasil da ditadura, com isso surge o inovador trabalho do grupo Oficina Uzyna – Uzona dirigido por José Celso Martinêz Correa, reinventando a forma de fazer teatro e inaugurando o tropicalismo nas artes cênica, com a peça de Oswald de Andrade, O Rei da Vela.

O Teatro feito no Oficina por Zé Celso é um rito, algo que necessariamente precisava ser criado frente a situação politica que se vivia em 68, uma carência dessa arte tátil e próxima do seu interlocutor, que fosse assim uma experiência vivida pelo povo, como o carnaval e a macumba, ou teatro. O oficina vem incluir , convidar o espectador a participar , transformando atores e “espectatores” , em uma embriagues total da atmosfera de excitação proposta por suas peças, uma orgia emocional , carnal, vivaz que nos leva a comunhão com nossos deuses e demônios.

O ressurgimento deste teatro orgástico, desse vulgarmente chamado paganismo da libertação total deu espaço a Tropicália e a obras como Terra em Transe e O rei da Vela, essa forma de fazer arte através da libertação sexual da orgia e do carnaval, da ópera, transformasse em algo profundamente ético , pois é o ressurgimento do ser como humano, único, erótico , e é pelo erotismo que podemos conceber a vida, e é tão somente pela vida que podemos conceber o teatro.
Dina Sfat - O Rei da Vela

Enfim, o poder da subversão da forma reside em um fazer teatral engajado como foi o Rei da Vela, preocupado com a arte , debruçado na opinião de cada um , dando espaço e voz para os atores e convidando o público a pensar de uma forma livre e descomprometida , com violência escancarada que atingi de alguma forma o povo que vibra forte, “ou ama, ou odeia”, o que está acontecendo como manifesto de aceitação ou resistência de sua nova condição de transformado, nunca passaremos imutáveis por nenhuma obra de Zé Celso. Evoé!