segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Bibliografia 2011 - Teatro - Educação e Arte

          


Esses foram os principais livros deste anos , devo ter lido , pesuqisado mais alguns , mas estes foram transformadores como a literatura deve ser, nunca saimos da arte como entramos , sempre há uma transformação no artista e no seu público.

Persigo a algum tempo o que é a arte e de que ela nos serve, li estes pequeno achados , sobre a técnica do ator o global : O Ator Compositor, sobre educação vários por causa da carreira acadêmica-
Enfim, sobre os Reis dos Musicais que amo e também sobre a Cia. Francesa que acabou de passar pelo Brasil com o primoroso trabalho do Teatro D' Soleil. 

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Novos Prêmios para Naiá. Melhor Atriz e Ator

A noite de 04  de outubro foi de premiação para a Companhia Atores de Oliveira, que levou todas as indicações a prêmios ,incluindo melhor espetáculo e direção com o espetáculo : Naiá Uma Lenda Brasilera, que vêm provando sua simpatia e qualidade frente ao público e a crítica que sempre premia a peça por ter um belo trabalho apresentado.

Nesta noite subiram ao palco para receber prêmios , Daniela Borgongino , pela brilhante atuação na índia Potira e no engraçado português Vasco de Ataide, mereceu o reconhecimento pelo esforço e amor ao teatro , melhor atriz.

Já o nosso querido Fernando Dias leva mais um de melhor ator, pela sua sempre brilhate atuação na pele de Pedro Alvarez Cabral, com muita graça e leveza protagonizando o espetáculo e dirigindo com maestria a música do espetáculo.

Parabéns a todos que participaram, atores, colaboradores e técnicos.

Evoé!

sábado, 17 de setembro de 2011

Naiá, Uma Lenda Brasileira


"Naiá" é um espetáculo musical escrito por Léo Oliveira e adaptado por Fernando Dias, um musical expressivo, divertido e comovente que nos alerta para a importancia da harmonia com o meio ambiente e entre povos e culturas, é uma declaração de amor a cultura brasileira, uma demonstração de carinho pelo nosso povo e a esperança no amor puro. Quando dois mundo tão diferentes se encontram e se amam, desta união surgem fatos mágicos ...que enchem nossos corações de esperança e alegria. O musical revela um amor incondicional pela cultura brasileira, suas lendas genuínas mostram uma cultura linda e extremamente rica.

Vários atores contam o descobrimento do Brasil e as lendas do cotidiano popular amazônico, assim encantam com músicas originais e muita dança
 
Texto: Léo Oliveira
Direção: Léo Oliveira e Fernando Dias
Direção Musical e Composições: Fernando Dias


terça-feira, 30 de agosto de 2011

Tim Maia - Vale tudo

Um espetáculo surpreendente, pois alia o extremo profissionalismo e expertise técnica das grandes produções musicais recentes ao desejo mais atrevido de experimentar em torno da tensão produzida entre o original narrativo que serve de base à peça, a biografia escrita por Nelson Motta, intitulada “Vale Tudo: o Som e a Fúria de Tim Maia”, e os padrões tradicionais do gênero dramático, que são, em geral, subvertidos pela adaptação cênica, resultado do ótimo trabalho conjunto de Nelson Motta e João Fonseca. Não se pode negar que o ponto de partida, a figura exorbitante e imoderada de Tim Maia, coloca-se, por si só, como uma fonte quase inesgotável de criação, a ser explorada a partir de uma ampla variedade de recursos. Contudo, justamente por ter sido personalidade tão singular, esse excepcional cantor e compositor acabaria por converter-se num desafio aos que buscam interpretá-lo. Tal desafio, no entanto, é superado com louvor pelo fantástico trabalho interpretativo de Thiago Abravanel, que consegue realizar a tarefa quase impossível de encarnar o personagem sem basear sua performance na semelhança física ou na simples imitação exterior, recriando-o a partir do entendimento profundo de sua solidão. Aliás, todo o elenco do espetáculo apresenta desempenho extraordinário, com destaque para Reiner Tenente (que faz os papeis de Roberto Carlos e do próprio autor da peça, Nelson Motta) e Isabela Bicalho.
Fiéis à opção estética do encenador de trabalhar com uma teatralidade explícita, que se assume como representação, os figurinos preocupam-se em traduzir uma época sem procurar imitá-la, usando, muitas vezes, cores vivas, numa referência ao próprio universo criativo de Tim Maia. Cenários também seguem essa linha, utilizando de maneira proveitosa adereços e elementos alegóricos com função narrativa. A cortina que desvenda a cena, feita para reproduzir antigos discos Long Play em vinil, é um achado de grande beleza e insere o espectador com eficácia no espaço em que a ação se desenrola.
'Tim Maia: Vale Tudo, o musical'é um espetáculo emocionante e de alto poder de comunicação com a plateia, que se entrega com prazer ao resgate de um estilo musical e de uma personalidade notáveis.


quinta-feira, 7 de julho de 2011

Epifânias e outras viagens de arte e fúria.

Não quero mais ter razão.
Sempre pensando na poética da vida e na inteligência  da estética  natural ,me coloco a seguinte pergunta; o queé a arte? E os motivos que me levam a ter razão.
Não quero desvelar todos os mistérios da  poética, mas sim revelar os motivos pelosquais a arte me consome e leva de mim o que tenho de melhor, o que é o amor comparado a arte? Duas possibilidade efemeras extremamente delicadas e de longos periodos de aprimoramento, como colocar arte na vida e vida na arte?
Essas e outras questões são pautadas em uma mente inquieta e sedenta por significação para a vida artística.
Eu quero saber, o que é que tem,dentro dos meus sonhos , quero mostrar para alguéns  um infinito particular que é incessantemente criativo tanto que chega doer.

sábado, 19 de março de 2011

Zé Celso e seu teatro antropofágico.

Se a pessoa for a São Paulo e não sair para lugar algum, não for ao cinema, ao shopping, ao teatro, não encontrar ninguém, não ler um só jornal nem ver TV, e mesmo sem ter feito nada disso for assistir a uma peça de José Celso Martinez Correia, a vivência desse espetáculo lhe garantirá uma experiência total da cidade, dessa urbe cosmopolita e corrompida, inocente e safada, amordaçada pelos grilhões da grana mas com doses industriais de vida e tesão pulsando a cada arquejo. A experiência intelectual, artística, estética e, sobretudo, existencial, oferecida por um espetáculo de Zé Celso e seu grupo Uzyna Uzona, sediados no espaço do Teatro Oficina à rua Jaceguay, 520, Bixiga, é inigualável. Aliás, eu não entendo por que o pessoal de teatro das cidades não freta um ônibus, ou avião, ou seja lá o que for e não vai ver “Os Sertões”, da mesma forma que o povo de música se organiza para ir ver Rolling Stones, U2 ou Madonna.
Zé Celso é uma síntese. Ele simboliza a pulsão primitiva e orgiástica de uma cidade, uma urbe viva, que se vende e se curva ante a força da grana que ergue e destrói mas mantém a resistência surda dos seus guetos e muquifos, das suas favelas, vilas e cabeças-de-porco, com seus saberes e prazeres bem longe do cardápio dos deleites oficiais dos engravatados. Ou seja, o público de Zé Celso vai ao seu teatro porque sabe o que se passa ali dentro, porque assume participar – e há muitas formas de participação – daquele acontecimento teatral, onde nos reconhecemos como “... uma só nação de alvorotados, endividados, individuados, destroçados, solitários, no inferno de Dante Marcola Jabor.” Ao mesmo tempo, numa espécie de milagre interno, nos reconhecemos também como “células humanas que contagiam o organismo do país apodrecido aprontando-o para regeneração e crescimento.”

E que teatro é esse? O que propõe, o que quer fazer? Começa com o edifício teatral propriamente dito do Teatro Oficina que não é um teatro tradicional, modelo italiano, com platéia, camarotes, palco e cortina, como 90% das pessoas pensa que são todos os teatros existentes. O Oficina, a rigor, é um corredor de trinta metros de comprimento, com seis metros de largura, e uma altura total de uns dez a doze metros. Encostados às paredes mais compridas, bancos de madeira, com um balcão acima deles onde cabem mais bancos, tudo com um metro de largura, o que reduz o espaço cênico a um corredor comprido, de trinta metros por três. Os atores se deslocam acima e abaixo desse corredor, com piso de terra, que tem uma parte em declive. Há ainda uma fonte, com água corrente, lugar para os músicos num pequeno palco e todos os espaços podem e são utilizados pelos atores e pela cena.

Mas não pense que é um teatro tosco. Os espetáculos dispõem de moderníssimos aparatos tecnológicos, som perfeito, luzes espetaculares, projeção digital, e uma das paredes dessa estrutura, num trecho de uns dez metros, é de vidro, mostrando por transparência os prédios de São Paulo. Uma árvore imensa, com seus 15 metros de altura, também cresce no local e foi incorporada à estrutura do teatro. Mais do que o espaço, porém, é o que se passa ali dentro, colocando José Celso Martinez Correia na galeria dos grandes nomes do teatro brasileiro, com um poder quase metaplásico de renovação, de crescimento, de surpresa, de novidade.

O espetáculo “Os Sertões” demonstra isso. A rigor, não é “um espetáculo”: é um complexo, uma “pentalogia” de cinco espetáculos, cada um deles com seis horas de duração. O épico euclidiano se transforma num épico brasileiro/universal, dividido em “A Terra”, “O Homem I”, O Homem II”, “A Luta I” e “A Luta II”. Nessas trinta horas há uma síntese completa da nossa história como seres humanos, pertencentes à Humanidade, como brasileiros, e como seres pulsantes, cheios de tesão, de dores, de amores, de ambições e quimeras, de maldades e momentos de ternura. Há um sentido profundamente shakespeariano na obra, quando trata da luta do homem com o seu destino, essência da tragédia. Para quem conhece Shakespeare, é um prazer sem igual desfrutar das referências e interpolações, estabelecendo essa ponte viva entre o homem shakespeariano, hamletiano, renascentista, e o homem de hoje, proposto e desejado pelo teatro de Zé Celso, um homem renovado, refeito, renascido, “desmassacrado”. Zé Celso explica que, um dia, cansados, esgotados de trabalho, os atores pensavam que iam fazer um espetáculo fraco. Mas nada disso aconteceu. “Atingimos no ser-estar, serestando nos sertões nesta noite uma tranqüilidade na execução da peça, um estado de inocência criativa com o público junto que nos fez experimentar sem poder definir ainda o ‘desmassacre’, ou mais precisamente, o início do desmassacre. Dentro deste mundo sob o Terror, o nascimento de um sentimento novo, o fim absoluto da paranóia, do estresse, para a continuidade desta felicidade guerreira.”
E o “desmassacre” não acontece somente com os atores. O público que está ali, durante as seis horas que dura cada um desses espetáculos, é incorporado em uma experiência cheia de epifanias que faz o tempo voar. Começa às seis horas da tarde, e quando você vê é meia-noite, o espetáculo terminou, todo mundo dançando e celebrando, e você não quer ir para casa, quer ficar ali, morar ali, incorporar-se àquela trupe de loucos, como o vigia do estacionamento que virou ator e é uma das mais belas figuras do espetáculo. Uma “rave” movida a endorfinas, movida a Tesão, movida a Alegria, movida a Arte.

O público que vai a “Os Sertões” é completamente diferente daquele que vai a ver “Sweet Charity” o musical onde Claudia(canta-dança-sapateia-e-representa)Raia oferece às platéias de novos-ricos que pagam R$ 60,00 para ver esta edulcorada história de amor. No Teatro Oficina pagamos R$ 30,00 (eu, como sou da classe teatral, só paguei R$ 10,00) mas a quantia é irrelevante para a qualidade da vivência que temos ali. Nada tenho contra o teatro de entretenimento, sobretudo quando é de boa qualidade, como provavelmente deve ser o espetáculo de Cláudia Raia. Mas o teatro, enquanto Arte, tem outros objetivos. O teatro, em sua acepção mais profunda, tem como finalidade levantar o véu que separa o visível do invisível e deixar-nos ver dentro de nós mesmos, ainda que por um instante, quem somos, de que matéria somos feitos. Isso o teatro de Zé Celso faz com maestria.

Se quisermos, podemos sair do nosso banco e entrar em cena junto com os atores, como figurantes da construção do arraial de Canudos, ou situações outras propostas pela peça. Podemos entrar em cena, nos misturar à ação, experienciar com vividez o que está acontecendo, como no antigos rituais dionisíacos onde os homens experimentavam diversas alteridades, incluindo a divindade. Ser deus por um minuto, quem não gostaria de? Mas nada disso é obrigado. Se você, como público, quer ficar sentado no seu lugar, ninguém lhe aborrece, nem lhe obriga a nada. Mesmo assim, o véu se levanta e a pessoa que entra naquele espaço e comunga com aquela ação jamais sai dali a mesma. Sai se conhecendo mais, integrando suas experiências num outro nível, entendendo melhor seu semelhante, desfrutando mais dos seus momentos de Alegria e Tesão, sabendo-se homem, mulher, “demasiadamente humano... para a produção de uma paz sem pieguismo, uma paz de criação por devoração antropofágica e de vitória sobre o mais forte, não em poder de estrutura, dinheiro ou armas, mas em poder da presença trans-humana. Aqui se luta pelo apaixonamento da condição contraditória humana, através do re-apaixonamento pelos homens do seu planeta quase inviável, em sua Terra.”
Nota: os trechos entre-aspas foram tirados dos programas das peças, que podem ser lidos na íntegra, junto com outras informações, no site http://www2.uol.com.br/teatroficina/

Créditos: Clotilde Tavares, escritora

Kathakali, o teatro sagrado.



ORIGEM:
Segundo lendas hindus Vishnu reencarnou na terra pela sexta vez na forma de Parasurama, para proteger a supremacia espiritual e social da casta dos Brâmanes. Após inúmeras guerras, ele finalmente resolveu abandonar sua trajetória sangrenta e, em forma simbólica, lançou seu machado ao mar. Com o golpe, a arma caiu no sul da índia e sua violência fez emergir uma faixa de terra a qual Parasurama chamou de Malabar. Para povoar essa terra sagrada, foram levadas famílias de Brâmanes que formaram uma sociedade extremamente religiosa e ritualística.

Hoje em dia Malabar é chamada de Kerala (a terra dos templos).

O intenso comércio de especiarias e o ouro negro atraiam viajantes de todo o mundo, misturando assim diferentes culturas à forte religiosidade do lugar e o gosto por grandes rituais com a constante presença de elementos dramáticos, fazendo surgir assim a mais rica forma teatral da Índia : O teatro Kathakali.


CARACTERÍSTICAS:
É o estilo de dança-teatral mais popular da Índia
É um espetáculo raro, inclusive na Índia. Lá ela acontece após a época das monções, em celebrações religiosas de agradecimento.

É exclusivo para homens

Existe exatamente como visto hoje há pelo menos 400 anos

O teatro-dança de Kathakali recebe inclusive influência das antigas artes marciais de Kerala

Existem muitas passagens com reflexões morais e de sabedoria que sempre são faladas pelos personagens mais importantes e em sânscrito, uma língua que não é mais comum na Índia desde o ano 300 a.C, mas é considerada nobre e sagrada, falada até hoje pelos brâmanes. Enquanto os deuses, heróis e personagens importantes falam no dialeto aristocrático, as mulheres, escravos e personagens menores falam o dialeto da classe baixa. As peças terminam assim como começam: com uma prece.

Não há valorização de expressões ou ações nas peças hindus. A tristeza é representada por uma leve melancolia. Beijar, comer, dormir ou gritar é considerado indelicado.

Como nas peças gregas, havia um freqüente contato entre a Terra e o Céu.

Na Índia não existem palavras distintas para dança e teatro, nem em sânscrito ou em qualquer dialeto falado pelo país. Daí percebe-se o quão profundamente ligadas essas duas artes estão neste país que as vê como um só.

PALCO e MÚSICA:

Na Índia acredita-se que todo palco seja sagrado pois é um local escolhido pelos deuses para que se dê a eterna luta entre o bem e o mal. Por o Kathakali ser essencialmente hindu tudo nele é cheio de significados religiosos e realizado como um ritual.

O palco é simples. Á frente usa-se uma lamparina alimentada por óleo de coco.

Por ser ritual, antes da peça começar, o vocalista inicia uma canção invocatória acompanhado por címbalos e percussão.

Durante o ritual de inicialização, um ator permanece por trás das cortinas realizando uma performance .


MAQUIAGEM E FIGURINO:

A maquiagem determina, no kathakali a natureza dos personagens.

Cada personagem têm uma roupa e maquiagem específica. Ambos são altamente elaborados.

O ator leva três horas e meia só pra se maquiar e duas horas para se vestir antes de cada apresentação.


AS CORES:

Verde: herói

Bigode, protuberância no nariz ou no centro da testa (Chuttippu): demônio-guerreiro

Bigode branco (veluppu-tadi): personagem Hanuman, do épico Ramayana, que possui boa natureza

Bigode preto (karuppu-tadi): selvagem com características heróicas

Bigode Vermelho (Chokanna-Tadi): características terríveis e destrutivas

Maquiagens onde há o predomínio de preto: moradores das florestas, caçadores e demônios femininos


PERSONAGENS: (3 tipos em geral)

Sattvik (denominado Pacha) - nobre, heróico, generoso e refinado ex: Rama e Krishna

Rajasik (denominado Kathi) - não só heróis e sim pertencentes a classe dos demônios guerreiros ex: Kamsa e Ravana

Tamasik (denominado Kari) - caçadores, moradores da floresta e demônios femininos


ATOR:

No kathakali temos então o Ator-bailarino e ainda com características de guerreiro. Devido a influencia religiosa, ator do kathakali é também um ator-sacerdote e, por isso, deve ser capaz de responder cada aspecto da sua vida num equilíbrio constante de sua arte que é sempre regida harmoniosamente pelos elementos.

A formação física destes atores obedece ainda a antiga tradição de guerreiros e artistas marciais de Kerala.

Em nenhuma outra forma teatral do mundo pode-se encontrar tamanha complexidade e precisão na formação técnica do ator quanto no Kathakali.

Para ser ator de Kathakali os pretendentes passam por rigoroso treinamento com dedicação exclusiva, durante anos, quase sob regime militar que começa aos 8 anos. Tudo isso serve para desenvolver uma cadeia muscular antinatural e rigorosamente definida com a finalidade de permitir o intenso fluxo de energia, assim como ter um corpo que suporte essa carga. Há a remodelagem da estrutura corporal do ator com um dia que começa às 4h da manhã com massagens, exercícios físicos e de olhos, treinamento de passos, coreografias e memorização dos textos clássicos e prática de ritmos. As intermináveis repetições associadas à severidade com que os erros são punidos moldam e disciplinam a concentração e a mente. O descanso é quinzenal, porque é obvio que os hindus não têm motivos para guardar o Domingo. Todo o processo é supervisionado por um Guru (que significa aquele que dispersa a sombra).
O indiano Nanda Kumaran levou 17 anos estudando a arte sagrada Kathakali. "Deixei de ser estudante aos 31 anos. Só depois do meu casamento é que o guru me deu permissão para deixar de ser aluno".


"Se o bailarino é aquele que busca o ar, que anseia pelo espaço, pelo etéreo, o ator vai de encontro a terra, que castiga sob seus pés para retirar dela sua energia. Suas mãos buscam o céu e seus pés agarram e excitam aterra. Se a ação do guerreiro é como a do fogo, que destrói enquanto queima, nem bom nem mau, consumindo a si mesmo sem hesitar, o sacerdote se relaciona coma água, com a qual purifica e santifica. Enquanto o fogo guerreiro se move impetuosamente e age buscando cumprir seu papel sem apegos, a água sacerdotal busca a serenidade e, ainda que seja perturbada, sua natureza a guia na direção da paz."

(The Mirror of Gesture: Abhinaya Darpana of Nandikesvara)


"Por ser o Kathakali uma dança sagrada e ritual para os hindus, ela se torna uma ambigüidade por demais complexa para os ocidentais. O ocidente não entende uma arte espiritual. É um povo adiantado materialmente, mas muito atrasado espiritualmente. O Teatro é uma manifestação da alma e por isso requer devoção e fervor, pois é necessário sempre mergulhar profundamente nas coisas às quais nos dedicamos. O ocidente nos pede minerais, água, gases. Mas devemos escavar em busca de petróleo. Porque gases, minerais e água devem ser simplesmente a conseqüência dessa busca. É sempre na intenção do petróleo que devemos escavar o que almejamos. Se eu decidisse doas um milhão de rúpias a alguém, em notas de uma rúpia, eu precisaria de um milhão de notas. Mas se preferisse doar essa quantia em ouro, bastaria um pequeno pedaço e ele teria o mesmo milhão."

(Agandanadam, velho sábio hindu)

Referência: Kathakali e a música (inglês)

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Testes para Atores

A Cia Atores de Oliveira , abre testes para atores de todos os perfis.
SOMENTE HOMENS

Para participar das audições serão avaliadas as seguintes habilidades:

Canto;

Dança;

Intepretação;
Será indispensável ter DRT e disponibilidade de horário.

Enviar Material com foto e vídeos COM URGÊNCIA para o email:
atoresdeoliveira@gmail.com

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Charlles Möller Falando de Musicais.

“Quando a gente começou, há 20 anos, era uma coisa quase utópica falar de musical no Brasil. Éramos jovens e com alguma arrogância. Começamos pequenininhos, fazendo algumas brincadeiras no Teatro Ipanema. A gente percebeu que existia ali um filão que estava abandonado”.

“Nosso grande tiro ao alvo foi em ‘As Malvadas’, quando começamos a entender que a grande coisa do musical era a catarse da canção. Percebemos que havia uma plateia para escutar aquela canção, que no musical é o monólogo. É o “ser ou não ser’ de Shakespeare. Entendemos que ali havia um público a ser formado”.

“O musical traz um casamento com a plateia. A plateia brasileira ama o musical.

“Agora os atores que querem fazer musical têm um mercado. E um mercado competitivo. As pessoas estão cada vez mais preparadas e melhores. O teste do ‘Hair’ foi uma coisa assustadora. Eu tive um break down, não sabia quem escolher. Dava para montar três espetáculos ótimos”.

“O artista tem que estar comprometido com a sua plateia, tem que estar comprometido com quem o assiste. Durante muito tempo achei que quem nos assistia eram as velhinhas das vans e só. Eu ficava espantado com a falta de possibilidade de outro tipo de plateia. Não vinham homens. Jovens então, nem pensar. Eu ficava pensando: cadê esse público? Onde ele está? Isso demorou muito a chegar. Mas que bom que hoje já podemos desfrutar disso”.

“Só existe o agora. A gente não pode materializar o passado e não existe o futuro. Só existe esse momento. Então temos que estar sempre no nosso maior e melhor momento. É o poder do agora. Tudo que se aplica no musical, se aplica na vida. Não tem nenhuma diferença do palco para a vida. É tudo igual. Na depressão a pessoa não consegue viver no agora. Ela fica com saudade daquilo que foi ou que não foi fica com expectativa de um futuro que não virá. Então nós temos que ser precisos naquele momento”.

“O musical foi muito desvalorizado pela crítica e pela imprensa. Aos poucos a gente começou a ganhar respeito e hoje somos muito acarinhados. Fico muito emocionado quando vejo atores dos meus elencos sendo indicados a prêmios”.

“Inteligência emocional é um paradoxo e eu adoro paradoxos. Você tem o controle daquela nota, daquela marca, daquela alegoria que o diretor te pede, mas se você só fizer isso com a cabeça, vai ficar uma casca. Não vai ter nada”.

“Gosto de trabalhar com o conceito do DNA, que é algo intransferível, é só pra você, é a sua marca. É a tua digital. Eu dou um DNA coletivo e peço que o ator crie seu próprio DNA, que será a opinião que ele tem do personagem dele, uma intuição dele”.