quarta-feira, 21 de março de 2012

Bastard! - 2ª MITA



O espetáculo de estreia do 2º MITA (Mostra internacional de teatro de animação) idealizada e produzido pela Cia. Pequod no Teatro Nelson Rodrigues ,foi Bastard! de Duda Paiva, brasileiro radicado na Holanda, fala sobre a solidão nas grandes cidades, esse eixo entre a loucura e a sanidade.  É um teatro de boneco que se mistura com dança e aborda as pobrezas da alma e o lixo psicológico produzido por todos nós.

A história é contada através da dança cruzada por objetos reais que pela abstração da dança e do realismo do objeto cria um mundo mágico onde tudo é possível, levando a imaginação poética a um nível novo e imprevisível. O interprete / bailarino interpreta três personagens, perdido em um lixão, cenas reais deste submundo são apresentadas de forma criativa, porém realístico o que credibiliza ainda mais as discussões existências e as misérias das relações humanas e seus egoísmos. Um lugar inóspito  de onde não podemos sair e que se descobre que as soluções e saídas somente podem ser encontradas em si próprio.

Poético de verdade, bonecos que tomam vida através da mão sensível do artista e uma direção de dar inveja, com projeções, hologramas e cenas sincronizadas com a dança,  é um espetáculo contemporâneo e belíssimo sem mais sobre a obra de Duda e sua equipe que gerem a peça com maestria, isso é arte isso é criatividade brasileira, infelizmente temos que sair do nosso país para servos valorizados somente após nosso retorno, o que não é verdade, temos artistas ímpares em nosso país que devem ser valorizados e respeitados.

terça-feira, 20 de março de 2012

Filme - Pina 3D


PINA é um documentário sobre dança, filmado em 3D com o conjunto do Tanztheater Wuppertal Pina Bausch, que caracteriza a arte original e inspiração da grande coreógrafa alemã, que faleceu no verão de 2009.

PINA é um filme de Wim Wenders para Pina Bausch.
Ele leva o público a uma sensorial e visualmente deslumbrante jornada de descobertas em uma nova dimensão: Do palco, com o lendário grupo Tanztheater Wuppertal Pina Bausch, ele segue com os dançarinos para a cidade e os arredores de Wuppertal, lugar que, há 35 anos, foi o lar e centro de criatividade de Pina Bausch.
O filme é belíssimo com lindas locações e uma fotografia que impressiona, talvez por estar em 3D o que aumenta o interesse e a beleza das imagens. Parece que estamos no palco ao lado dos bailarinos atores, uma experiência inesquecível.
Em se tratando de “Cine- Art” o filme não pode ser muito popular , mas para os amantes da arte em geral, irão amar o filme que é dirigido  por  Wim Wenders, com uma sensibilidade inigualável traduz em imagens a genialidade artística de Pina Bausch, durante o filme que é emocionante do inicio ao fim, me percebo dançando , sem conseguir controlar.A sensação/ emoção dos bailarinos é tão crível que a todo momento sentimos o desejo da dança, os depoimentos emocionados de cenas mudas acompanhadas pela narração do próprio bailarino, são poéticas e de uma delicadeza ímpar, o que potencializa mais ainda a dança como comunicadora direta e exclusiva de emoções.
Uma obra prima cinematográfica com as lindas imagens e com os textos simples e profundos dos artistas , pois  Pina era assim, simples e profunda e a todo o momento provocava seus bailarinos para encontrar o seu modo de expressão genuína sem palavras somente gestos e expressividade , emocionante...

segunda-feira, 19 de março de 2012

O menino que vendia palavras


Vendedor de Palavras e belos Valores humanos.

A pérola infantil nesse final de semana foi encontrada no Teatro dos Quatro no Shopping da Gavea, foi o espetáculo: “O menino que vendia palavras”, premiado livro de Ignácio de Loyola Brandão,  adaptado por Pedro Brício e dirigido por Cristina Moura a peça conta a história de um menino que tem muito orgulho de seu pai, um homem culto, inteligente, que conhece as palavras como ninguém. Se os amigos do menino querem saber o significado de alguma palavra, é ao pai dele que sempre recorrem. A curiosidade das crianças é tão grande que o menino logo percebe: e começa a negociar o significado das palavras?
Com um elenco de primeira, muito bem preparado e apropriado do universo infantil, os atores levam crianças de zero a oitenta anos a uma super aventura pelo mundo das palavras. Com uma maestria multimídia a direção brilha com igualdade frente ao elenco que trabalha com muita criatividade, projeções, retro - projeções e marcações pouco convencionais para o teatro infantil, fugindo do obvio as interpretações são totalmente atrativas sem nenhum clichê ou caricatura do que realmente é a criança de hoje. Uma iluminação impecável e que nos sugere as mais gostosas sensações das histórias que a turminha nos conta, com um humor leve e divertido vale a pena a aventura pelo mundo das palavras e a grande descoberta do espetáculo é a mais linda mensagem que pode haver com relação a aquisição do conhecimento, não devemos nunca ostentar , pois , é fato que nunca sabemos tudo nestas vida. Amizade igualdade e um universo mágico é o que encontramos e o que levamos para casa, muito teatro, muita aprendizagem e muita diversão. Vale muito a pena conferir!



Serviço:

O MENINO QUE VENDIA PALAVRAS
Baseado na obra de Ignácio de Loyola Brandão.
Adaptação: Pedro Brício
Direção: Cristina Moura
Com Eduardo Moscovis, Pablo Sanábio, Leticia Colin, entre outros. .
Teatro dos Quatro. Sab e dom, 17h. R$50. Livre.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Alice e Cia. Armazém 25 anos de história

Esperei 10 anos para experimentar, "Alice através do espelho"- da  Companhia Armazém , que
comemora este ano 25 anos de existência e muito sucesso.

Escrita por Mauricio Arruda Mendonça e dirigida por Paulo de Moraes, o espetáculo conta a trajetória de Alice uma menina em constante estado de transformação. A partir de um sonho seu , Alice é transportada para um mundo imaginário, onde vai encontrar figuras saídas da imaginação de Lewis Carrol, . Num mundo permeado pelo nonsense , ela vai ter que descobrir uma outra forma de lidar com suas emoções.

Estive na tarde deste dia de estréia nos bastidores do espetáculo , e fique completamente emocionado e cativado pelo empenho e pela dedicação do grupo horas antes da peça acontecer, um clima de concentração , misturado com alegria e aquela energia boa que só o teatro tem, permeavam aquela tarde que para mim foi mágica.

Depois disto o tão esperado espetáculo chega na sua hora de acontecer, uma parte do grupo serve o chá, mesmo maquiados e prontos para o espetáculo ali já se sabe o que pode , ou não , acontecer...

A emoção começa , somos transportados  para um universo particular onde realidade e fantasia são fundidos e confundidos o tempo todo, atravessar esse espelho é permitir que nos voltemos para dentro e tenhamos coragem de encarar nossos fantasmas , pois é o que esta por vir.

Passar pelas experiências de esticar e diminuir sem saber para onde vamos é o que acontece na vida de qualquer ser "humano", mas ali não se tratava de fantasia e sim de realidade..., o clima nonsense, que tanto falam esteve sempre ali desde o princípio, mas quando partimos para outro lugar descobrimos que estamos em um hospício. Partimos deste hospício para vários outros lugares que já não sabia mais onde era e a cada troca de espaço uma grata surpresa com belas cenas , ótima direção e atuações brilhantes.

Evoé, e viva o teatro e viva os 25 anos do Armazém.