domingo, 18 de novembro de 2012

Espetáculo Redoma


Viver em uma realidade de aprisionamento e liberdade constante, eis aqui o que traduz REDOMA, de Gustavo Fonseca (diretor), sem ser superficial, pois o assunto gera polemica e é solo rico para a criação artística de diversos gêneros, aqui o existencialismo tem um palco para sua discussão conduzida por ávidos e talentosos artistas com direção musical de Sabrina Vianna e como interpretes criadores: Marcio Antunes, Marinna Chaves, Renato de Sena e os dois diretores também como atores, no Espaço Rampa em Copacabana.

Entre quatro paredes de Sartre, é o que me remeteu Redoma, sem a trama dramática que repudia e negligencia a existência humana, mas com a onipresença de seu existencialismo com suas tentativas de liberdade do próprio eu, o que pode ser fatal por uma ótica biológica, mas libertadora pelo prisma da redenção espiritual. O nu do ser, aquele que atrai e apavora. Dentro ou fora de nossas almas a vida nos revela que a liberdade pode ter um sabor amargo e que os grilhões da sociedade podem ser um conforto eterno para aqueles que não ousam mudar as suas visões de mundo, assim é Redoma, com um espaço livre para podermos interpretar de várias formas.
Desejar ter algo que já possuímos é uma linha tênue para o vazio, nas artes cênicas devemos ter cuidado com fontes e influências, sinto necessidade de algumas definições, não que a arte deva encerrar conceitos e ser maniqueísta, porém , para imprimir identidade aos artistas e a encenação como um todo, o movimento gratuito e o brilhante trabalho vocal devem ser focados em objetivos maiores do que apenas causar estranhamento ou definir uma cena de leitura livre pelo público, contudo, a direção é segura já no processo de estruturação da aventura estética que se presta o projeto, mas colocar o ator diante de sua própria personalidade é uma aventura um tanto perigosa e que nos reserva armadilhas terríveis, para o interprete,  que às vezes não sabe como lidar com seu universo particular, mas talvez também seja esse o exercício de interpretação proposto, ou... O que podemos ver são atores vazios, apenas repetindo movimentos sem entender propriamente para onde estão indo. Sinto falta de um marcador de ritmo como música ou mesmo continuidade coreográfica que não se encerre e sim ofereça oportunidades de investigar novas possibilidades de liberdade e aprisionamento, o silêncio, neste caso, não enriquece as formas que estão carentes de energia.

Enfim, uma busca estética que se preocupa pouco com o dramático, quando encontra o texto não pode vir de outra forma se não engessada e difícil, em um texto leve que deveria ser degustado com o sabor do cotidiano, (Sabemos de antemão que o difícil na arte contemporânea é realmente aproximar o dramático do crível, relacionar a arte com o nosso cotidiano, objetivo maior das vanguardas que é dialogar com o momento presente), criações interessantes, artistas brilhantes que dialogam com a direção e os conceitos proposto de uma forma estruturada, porém ,evidentemente, in progress...



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